“Asseguro-lhes que aquele que crê tem a vida eterna.” (João 6:47 – NVI)
“Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará”
Mateus 6:6
Gostaria de propor uma pergunta: Somos fortes? Não no sentido de força física, mas pensando em suportar adversidades, dor, problemas, ou seja, manter posicionamentos firmes e corretos sem perder o controle de nós mesmos e não nos entregarmos ao desespero, ao ódio, à depressão, nem permitir que a tristeza tome conta do coração? Será que podemos ser assim, e ao mesmo tempo continuar tendo um amor prestativo que olha para todos os outros que nos rodeiam? De fato, não podemos tirar essa conclusão de nós mesmos, pois somos muito instáveis em nossos atos, e eles variam conforme o momento que estamos passando.
Certamente você já ouviu falar que um homem abusou de alguma criança e acabou sendo linchado pelos moradores daquele lugar. Ao olharmos para essa criança, sabemos que ela era inocente e que sofreu um trauma com aquilo, sendo vitimada, porém, se virarmos nosso olhos para o abusador, somente veremos uma pessoa cruel e interessada em seus próprios desejos. Mas e se pararmos para observar as pessoas que o mataram, o que elas são? Será que aceitariam ser chamadas de homicidas? Será que imaginavam um dia matar alguém? Será que eram fortes o suficiente para agir com sabedoria e prudência ao invés do ódio da revolta? Certamente muitos dos que ali estavam eram pais de famílias, que amam seus filhos, pessoas com um caráter visivelmente bom, mas que foram completamente transformadas com uma situação. Isso tudo ilustra a vulnerabilidade nossa diante das situações e o quanto variamos nosso modo de agir.
Charles Spurgeon dizia: “se formos fracos em nossa comunhão com Deus, seremos fracos em tudo”. Sim, esse homem de Deus podia afirmar isso pois realmente mantinha uma comunhão aberta com o Pai. Entretanto para quem mais podemos olhar? Para os mártires que preferiram ser mortos à negar o nome de Jesus? Ou a Paulo que daria sua própria vida pelos irmãos, cujos quais ele incessantemente orava pedindo para que fossem cheios de conhecimento de Deus? Como pois não diria ele: “Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma”? (2Co 12:15). Porém muito melhor será observamos a vida do nosso Senhor e Mestre Jesus, que desde seus 12 anos já sabia onde o Pai desejava que estivesse (Lc 2:49).
Sim! Foi Ele, o Filho do Deus vivo que nos ensina a orar, por isso é somente olhando para Ele que podemos compreender ainda melhor o poder dessa comunhão com o Pai. Pois a tinha de uma maneira tão plena que podia testemunhar “As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim”, ou “eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar” (Jn 12:49, 14:10). Jesus não tomava nenhuma atitude precipitada, não agia por impulsos, nem por emoção, mas sim tudo que Ele fazia agravada a vontade de Deus. Quem de nós ao ser pregado na cruz diria: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”? (Lc 23:34). Ou quem de nós fugiria se fossemos proclamados rei? (Jó 6:15). Mas também quem de nós teria a audácia de derrubar mesas e expulsar pessoas de um templo se não tivesse plena certeza do que estava fazendo? (Jn 2:14-16).
A comunhão com Deus, em oração aliada à busca da Sua palavra era a fonte de conhecimento e instrução para Jesus, mas não somente Ele, e sim para todos nós. Porque essa comunhão nos transforma em pessoas mansas, bondosas, sóbrias, que procuram a paz, que tem domínio próprio, que consideram os outros superiores a nós mesmos, e que não buscam mais os nossos próprios interesses, mas sim os de Deus. Sim! Ter uma vida assim não é vivermos como marionetes, cheios de regras de auto-cuidado, mas sim, essa vida é alcançada quando aprendemos a manter uma comunhão aberta com Ele. Pois enquanto O contemplamos, na Sua beleza, santidade, amor, perdão, glória, perfeição, entre outros.. vamos desejando ser como Cristo é, e por isso também seremos transformados.
Paulo sofreu por decidir fazer isso e testemunhou: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” (2Co 12:10). Mas e quanto a nós? Você, eu? Será que temos ao menos sofrido a “perda” de um tempo do nosso dia para entrarmos ao nosso quarto e orarmos ao Pai? Que a comunhão com Ele se torne uma prioridade em nossos corações! Porque aqueles que aceitarem a salvação proposta em Cristo, não somente aqui viverão com Ele, mas sim eternamente, o que é a melhor recompensa!